17 de janeiro de 2013

Djamal Amrani: [sem título]



Djamal Amrani é considerado um dos poetas da revolução da Argélia. Foi preso e torturado durante a guerra pela independência. Fortemente ligado à política, trabalhou, após a independência, na embaixada da Argélia em Cuba. De volta a Argélia, cria diversos programas radiofônicos. Recentemente abandonou o campo das manifestações políticas, recolhendo-se em seu domicílio em Argel.


[sem título]
Tradução : Thiago Mattos

Eu me lavo
na maré baixa de todas
as cóleras
 
Tranquilo meu sono
se torna delírio
de lavouras
abrigo de todos os corações
multitude domesticada
Minha voz se despedaça
sobre a margem de nossos amores
arbustos  
sobre o vitral
furtado só para você
O que procura esse outono
que tanto cedo veio
esse arvoredo de pedras precárias
na nossa moradia secreta
na nossa memória calcinada
 
A paragem que me liberta

e a fuga
 
que me emudece



[sans titre]
In. : AMRANI, Djamal. La nuit du dedans. Editions Marsa.

Je me lave
à la décrue de toutes 
les colères
 
Paisible mon sommeil
redevient délire
de labours
abri de tous les coeurs
multitude apprivoisée
Ma voix se brise
sur le rivage de nos amours
buissonnières
sur la verrière
dérobée à ta mesure
Que cherche-t-il cet automne
trop tôt venu
ce taillis de pierres précaires
en notre demeure secrète
en notre mémoire calcinée
 
La halte qui me délivre
 
et la fugue
 
qui m'insonore

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